Bom dia à todos Super Leitores!
Hoje o Bom dia, vem com um sabor mais romântico, por se tratar do dia 14.02 – dia de São Valentim, dia dos namorados. Não obstante, eu como uma boa simpatizante do abaixo a “hipocrisia” prefiro não romantizar datas e momentos e trazer à tona consciências mais realistas.
A sociedade sempre romantizou a violência contra a mulher, camuflando de tal maneira que não se consiga identificar de imediato as violências silenciosas presentes na vida de um casal, muitas vezes por acreditarem que esses episódios sejam apenas fases naturais de todo e qualquer relacionamento afectivo. Enquanto a realidade mostra que um relacionamento que se constrói com bases abusivas tende a terminar de maneira cruel para suas vítimas, causando danos, às vezes, irreparáveis.
A idealização dessa linha frágil entre uma relação destrutiva e a idealização do romantismo torna-se extremamente perigosa, na medida em que a combinação das consequências psicológicas e moral das vítimas de violência doméstica e familiar ocasionam resultados tão graves quanto a violência física.
Um relacionamento abusivo é caracterizado pelo excesso de poder de uma pessoa sobre a outra dentro de um relacionamento. Muitas vezes acontece quando existe um parceiro extremamente ciumento que quer controlar as atitudes e decisões do outro, tentando quase sempre isolá-lo do mundo. Caracteriza-se pelo desejo de controlar o parceiro e de tê-lo apenas para si.
Eu entendo que algumas características dos relacionamentos abusivos são normalizadas e pacificadas pela nossa cultura, tornando difícil para as próprias vítimas entenderem o que se passa com elas, só tomando a dimensão da violência quando a agressão além de mental passa a ser física.
A violência física é a forma mais conhecida, devido o seu carácter notório e visível, podendo ser descrita como a agressão realizada pelo parceiro em que envolve o uso da força corporal, que se manifesta pelo contacto físico violento ou até mesmo pelo arremesso com força de objectos contra o corpo da vitima.
Já a violência sexual consiste na violação do corpo da vítima, causada por uma acção do agressor que busca obter, a partir da força física e sem o consentimento da vítima, o acto sexual. Muitas vezes por machismo ou depreciação da camada feminina, a sociedade tende a dizer que a mulher “pede” ou “merece” ser estuprada/violada por causa de sua conduta ou tamanho da roupa. Quem nunca ouviu esse argumento?
A violência psicológica é na minha opinião a principal característica de uma relação afectiva abusiva e pode ser caracterizada por condutas que procuram diminuir, manipular, controlar, humilhar, ou quaisquer outros actos que determinem causar danos emocionais a vítima. Por ser uma violência de difícil constatação, a vítima, por não conseguir compreendê-la, sofre em silêncio, transformando-o em diversos problemas mais graves, como depressão, baixa auto-estima, insegurança e até mesmo suicídio para casos mais severos.
Podia ter criado uma matéria mais exaustiva, com mais detalhes e pormenores mas ficarei por aqui na promessa de falar mais sobre o tema futuramente. Para hoje, quero apenas trazer à tona nesta data que deve ser tão especial, que o controle motivado por ciúme não é amor e não é romântico. Precisamos parar de falar por exemplo, que controlar as roupas da parceira é se preocupar com o relacionamento e com a idoneidade da mesma. Controlar com quem ela conversa, aonde ela vai, proibir que ela faça algo que ela deseje não é sintoma de paixão, é sinal de que o relacionamento é abusivo e consequentemente nada saudável.
Tenham um dia Super feliz regado de muita paixão e cumplicidade, mas não descurem da necessidade de denunciar ou abdicar de cenários violentos por acharem românticos e normais.
Um arranjo de flores, um jantar romântico para o dia de hoje, não repõe a perda da luz interior resultante de dias consecutivos de violência…
Lembrem-se: Amor próprio sempre em primeiro lugar.
Super Beijo!
Por Kelly Ho-Poon…